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sábado, 28 de junho de 2025

Amor em chamas (conto)

 

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Horrivel sem saber

 

Preso no meio do caminho, um velho novo

Na meia-idade do destino preferido servindo

Sem ninguém para chorar nem para rir.

 


Dias seguem a velha estrada está chegando ao fim

Nem Platão previu-te assim idoso meio novo enfim

O garoto para os senhores um velho para os jovens.

 

Tu só queres as mulheres juvenis, mas tu não podes

Não plantastes a profissão, não passastes a senhor

Solitário caminhas na fila da estação do metrô.

 

Quando vem as da tua idade tu desdenhas pois não vai

Ser feliz com ninguém mais na tua sofrida imperfeição

Tu és feio de feição e liso de bens materiais e espirituais.

 

Um homem sem generosidade no coração, sem dinheiro

Sem nenhuma reputação, perdido na contramão do medo

Olhastes e perdeu e desceu correndo de novo a via.

 


Te olham e te acham egoísta, uma mente sinistra

Subjugado e não amado metralhado na dispersão

Destronado da vida, chutado e cheio de feridas.

 

Radiante seria se pudesses abrir só uma porta esperançosa

Mediante a servidão do paraíso do lirismo gótico do teu ser

Não existe beleza dentro da secura da tua infeliz visão.

 

Medindo o segredo que te afasta da felicidade, uma escolha

Milhares de erros, de linhas desfiguradas de pontes condenadas

A serem navalhadas e derrubadas por serem frágeis demais.

 

Milita tu onde ninguém te quer vai ali e vai acolá

E todos estão a te desprezar te fazer derramar líquidos dos

Teus olhos baixos, desesperados por precisar.

 

Tu disse que não queria ajuda mas a ajuda veio e tu

Você fugiu e se entregou ao bar, a jogatina as noites em

Claro e deixou aquela menina a sofrer por te querer muito.

 

Você não merecia isso, apenas errou na mão e veio parar aqui

Cometeu um crime, ser fiel a princípios inúteis e destruidores

Armados pela coluna partida na indisciplina perdida de alma.

 

E te olharam e te apontaram um dedo um tapa na cara uma piada

Eles diziam de você algo que não era e que não podia ser aquele

Que nada tinha a dizer e a perder e a sofrer.

 

Um adeus, um aceno sombrio de uma noite escura na rua deserta

Na mata estava você querendo voltar, mas estava preso em um

Passado de penar e de se frustrar.

 

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Baba

 

Caído ao chão, com gotículas de uma baba que saia da sua boca. Não conseguia enxergar direito, a vista um pouco embaçada. Tentativa de se levantar, ainda zonzo da bebida que fazia efeito sobre o corpo. Mas tinha que achar os óculos de grau. Sem eles era apenas um homem sem visão. E o Iphone que tinha juntado dinheiro para comprar. Onde se encontrava?



Quase em pé ainda atordoado, tateou o piso do seu apartamento, em busca da sua ferramenta de visualização do mundo. Com muito esforço e quase esmagando a armação recém comprada, pode ver como estava sua residência. Cama, com lençóis, desarrumados, a calça amassada, embolada com a camisa, um balde do lado, onde tinha restos do vômito que veio ao chegar em casa e tentar dormir.

Sebastião seguiu para o banheiro que estava a menos de 4 metros de onde ele se encontrava. Com dor no coração avistou seu aparelho celular misturado com líquidos e alimentos despejados por sobre ele. Pegou o objeto e viu que estava desligado e com pedaços de comida por dentro atrapalhando a câmera.

Tentou limpar o que podia e colocou para carregar. Aos poucos o alívio veio, pois o seu telefone ainda estava com as funções funcionando, mas as fotos ainda estavam saindo meio ruins, devidos aos dejetos que tinha ultrapassado a película de proteção. Fazer o que, era torcer que durante o dia, mudasse tudo e voltasse ao normal. O homem não era apegado à bem matérias, porém ele teve um sacrifício imenso de comprar o celular da moda e queria usufruir de suas funcionalidades.

Era segunda-feira, 10h30 da manhã. Mesmo ainda se sentindo mal, pela ressaca moral e sem saber como tinha chegado em casa, desceu as escadas do seu prédio e seguiu em busca de um lugar para tomar um caldo. De novo ele tinha bebido muito na noite passada. Sempre dizia que ia se controlar. Apreciar o barzinho sem arrependimentos depois. Ele tinha ido ao lugar de sempre, uma boate underground, com Dj tocando músicas dos anos 80.

Bastião era muito na dele, chegava nos lugares e pedia sua bebida e ficava tranquilo vendo o movimento das pessoas. Paquerava uma ou outra mulher que ele achava bonita. Mas não chegava em ninguém, pelo menos no começo da balada. Quando já tinha consumido muito álcool, fazia amizades, contava estórias, chegava nas gatas e tudo. Prometia coisas que bom não ousaria dizer.



Mas o que mexia mais com ele, era se sentir importante para alguém. Não tinha estilo conquistador. Era muito romântico. Alguns diriam que ele era ‘emocionado’ é o termo que se usava ultimamente para dizer algo sobre alguém que se importava.

Mas ele não ligava, naquela manhã ao conferir os jogos da Loteria descobriu que tinha tirado a sorte grande. Agora era a hora de testar suas teorias, sobre amor e riqueza. Sempre achou por ser um homem ‘liso’ e feio as mulheres jamais se aproximariam dele. Não era adepto de Nofap, nem da cultura RedPill, nem seguidor de coach de pegação. Mas ele sentia no seu dia a dia a rejeição de algumas mulheres, que ele achava jovem e bonita. Elas se interessavam por ele muitas vezes, a comunicação via app de relacionamentos fluía bem.

A mágica acontecia na hora de marcar os encontros. Perguntavam sobre emprego, sobre carro. Nesse instante, os matchs se desfaziam e elas desapareciam. Mas agora seria diferente, segundo ele acreditava. Com um prêmio bastante generoso no bolso, era hora de refazer os passos. Começou indo ao médico fazer uma bateria de exames para ver como andava a saúde. Detectou uma serie de alterações. Triglicerídeos e colesterol altos. Resolveu deixar a bebida de lado, entrou para academia, queria ficar no shappe.   

Muitos suplementos alimentares. Investiu em ações, criptomoedas e imóveis. Virou um solteiro cobiçado para as novinhas e coroas. Suas redes sociais eram entupidas de gente buscando se aproximar dele. A seca braba de antes já não existia. Essa mudança de patamar provava um pouco a sua teoria, de que ‘só valemos o que temos’.

E assim ele ficou pegando geral. Não queria nada sério com ninguém. Sem perceber ele virou algo que tanto criticava. Não olhava o ser da pessoa, a essência interior, o que importava era a beleza física. O que um corpo bonito podia oferecer a ele.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Meu quarto escuro

 

Drama, cama, sombria atmosfera

Desejo, sonhos, solidão, absurdos

Memória perdidas, desatinos e loucura

 


Sonhos, pesadelos, temerosos infernos

Desertos de dores intensa

Propriedade do acaso ardente

 

Loucura divina honestidade

Medidas intensas de um vácuo

Soluços de medo do acaso

 

Prisão, mortes, solidão

O pecado de desejar

A vontade de sofrer

 

Automutilação do espírito

Crenças perdidas nas trevas

Matança necessária

 

Passagem estreita, suspeita

Paixão mortífera, decisão

Rivalidade incubada no peito

 


Pressa corrida, metáfora

A pura essência do receio

Guerras e territórios

Acordo a noite, vazio

Pesadelos me perseguem

A morte vem sempre atrás

 

Silhuetas fúnebres chegam

Olhares confusos na escuridão

Doença mental do apego

 

Possessão em algum desespero

Romantizando a carnificina suave

Mortes nos cercam

 

Distância do paraíso

Mais perto do inferno

Saúde e o medo do eterno.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

VLADI

 


O pequeno cômodo da quitinete estava empilhado de objetos descartáveis. Ali aproveitavam-se a TV, o notebook, a geladeira e a máquina de lavar. Sem esquecer, é claro, da rede de balanço, lugar preferido de Rennys. Mas os livros, o guarda-roupa por montar, cartas, retratos, lembranças de outras épocas acumulavam espaço e não contribuíam com nada. A velha parede por pintar. A idade já avançada, sem tempo de errar.



Em dois quadros, lado a lado, as duas graduações: história e agronomia. Tudo indicava um excelente emprego, mas as coisas não saíam do lugar, para o nosso protagonista. Ele tinha um problema sério de comunicação e era crítico ferrenho de todas as hipocrisias da sociedade. Pelo menos era assim nos seus pensamentos. Por isso, muita gente o evitava.

Quando ainda era jovem, dava para ludibriar as pessoas. Mesmo um tanto esquisito, conseguia namorar algumas mulheres. Mas as cicatrizes e dificuldades da vida foram o tornando um tanto amargo e distante. Por sorte, o seu lado antissocial lhe ajudou a se concentrar nos estudos e ele ainda passou num concurso público para auxiliar administrativo, da prefeitura de sua cidade.

O dinheiro não era muito, mas pelo menos pagava o aluguel e comia. Já se acercando dos 40 anos, ele percebeu que não tinha mais nada a fazer na face da terra. E pensou várias vezes na morte, uma solução fácil para dar fim à dor que o acometia todos os dias, ao acordar, sem perspectivas de mudanças. Todas às vezes que ele contava um plano para algum amigo, aquilo dava errado, ou as pessoas brincavam com sua cara.

Ele sentia uma raiva dentro de si, sempre estava prestes a explodir e pronto para cometer algum crime. A sua revolta contra o mundo era gigante. Por que as mulheres não o admiravam? Por que ele não conseguia mostrar seu verdadeiro valor à sociedade? O jeito era comer, assistir conteúdo nos streamings e ficar mexendo no celular, em busca de uma conexão que o tirasse da solidão. Já tinha muito ouvido falar em solitude, uma forma de estar só por prazer, para autoconhecimento. Mas Rennys não tinha o que ver dentro de si.

Era um vazio sem fim. Mas um dia, ele estava vendo uma notícia no Instagram, sobre pessoas que haviam encontrado o caminho da felicidade. Mas tinha um preço para isso. Primeiro a viagem de Fortaleza até o interior da Bahia para conhecer o centro religioso. Como ele estaria de férias em breve, resolveu pegar um empréstimo no banco, como servidor, tinha pelo menos essas facilidades. Não sabia como pagaria, mas ele não tinha mais nada a perder. Antes da viagem, ele teve muitos pesadelos recorrentes. Num deles um ser misterioso de capa cinza aparecia e dizia que ele não precisava gastar dinheiro e nem viajar para tão longe, bastaria proferir umas palavras e sua vida mudaria por completo.



Ele ficou assustado nos primeiros dias. Quase não conseguia mais dormir. Porém, a curiosidade de que aquilo fosse real foi mais forte. Então ele chamou o nome: VADLI. E logo acordou. E nada aconteceu. Então voltou a vida normal. Andar pelo calçadão da Beira-Mar. Ir a concertos musicais, peças de teatro, ou cinema. Um desses dias, voltando pelo Centro da Cidade, no calçadão da Praça do Ferreira, avistou um homem de barba branca, cabelos cinza e capa cinza. O senhor o olhou firme e fez um sinal com a mão, chamando-o para sentar-se ao seu lado.

Então o idoso falou:

Vontade, Alimento, Dinheiro, Liberdade e Inocência.

— O que isso quer dizer? — Curioso, Rennys perguntou.

— Levante-se e siga seu caminho — Após falar, o guru saiu.

Mesmo sem entender, Rennys partiu com um colar no pescoço e uma dúvida na cabeça.

Finalmente, as férias começaram. Sem planos algum para viajar, por falta de dinheiro e depois desse encontro com essa figura estranha, o jeito foi ficar recolhido em casa. Sem nada para fazer, tudo parecia pior do que antes. Mas como assim? O que aquela pessoa havia lhe falado em sonhos e depois pessoalmente não era isso. O dia já se findara, um dia perdido. Mas uma batida insistente na porta mudaria isso.

Ele levantou-se da rede um pouco zonzo e foi ver quem era. Para sua surpresa, uma jovem de cabelos loiros, lisos, pele clara, de vestido preto, colado ao corpo, botas pretas largas.

— Boa noite, aqui que mora o Rennys? — Uma voz suave, um olhar penetrante.

— Sou eu, eu fiz algo de errado? — O homem perguntou assobrado.

— Me acompanhe, que você verá.

Os dois saíram. Logo na frente, do prédio, havia uma limusine preta. O motorista de preto, com luvas brancas, os aguardava. Ela parecia uma jovem Inocente. Rennys foi com má Vontade, mas entrou no carro. Lá dentro, uma música cantada por uma voz suave de um homem. A voz de Alessandro Moreschi, conhecido como, ‘O Anjo de Roma’, uma figura castrada na infância devido a uma hérnia e que tinha a voz aguda, por não desenvolver a voz masculina por falta de testosterona. O cantor, soprano, cantava Ave Maria. Mas era uma gravação antiga, de 1904.

Nos dias seguintes, a jovem, o levou a lugares incríveis, onde ele pode conhecer pessoas importantes e sua vida havia mudado. Conseguira um emprego para viajar o mundo, escrevendo sobre as peculiaridades de cada lugar. Largou seu emprego público e começou a ficar com muito Dinheiro.

Agora era um homem com Liberdade. Tinha sempre o que queria, a companhia de belas mulheres, bons amigos. Bom Alimento. Nada lhe faltava nessa sua nova jornada. Passaram-se anos. Há poucos dias de completar 60 anos, Rennys teve um tremendo susto. Quando caminhava pelo Museu de Louvre, reconheceu a figura de uma jovem bonita. Primeiramente, ele ficou incrédulo, não poderia ser a mesma pessoa. Não ficou velha.

— Vim lhe buscar — A voz suave, o alertou.

— Por quê? — O homem achava estranho esse encontro.

— É chegada a hora de pagar a promessa.

— Eu não lembro de promessa alguma.

— Você proferiu as letras: VLADI e isso é o contrato.

Ele entrou na limusine e o homem de vinte anos atrás estava com a mesma aparência, como se tivesse passado apenas, um dia. O caminho foi longo, horas se passaram, até que finalmente chegaram ao destino. Era uma floresta. Eles caminharam um pouco. O coração de Rennys batia mais acelerado. Quando avistaram de longe, o homem da capa cinza. Sentado em um trono. Tinha duas cadeiras viradas de frente para ele.

— Aproxime-se, Rennys, lhe aguardava. Gostou da vida feliz que lhe proporcionei por vinte anos? Eu o queria dar mais tempo, mas tenho outras almas a resgatar.

— Espera aí, almas? — O terror tomou conta do seu rosto.

— Calma, amigo, você gostou dessa jovem?

— Ela é muito bela, mas não envelheceu nada.

— Ela é minha filha e vocês vão se casar agora e darei mais dias para gerar uma vida e depois você me seguirá.

E foi assim, o demônio, celebrou o casamento dos dois. A consumação se deu logo após. Ao acordar no dia seguinte, ele se assustou. A mulher estava com uma barriga de gravidez como se fosse de meses. E dias depois ela teve o menino. Uma criança linda.

A aparência da mulher foi logo mudando e ela foi ficando com cabelos grisalhos. E dias depois tinha a aparência de uma senhora de sessenta anos. Rennys, vieram as lágrimas, porque chegou a amar essa mulher e agora via ela definhar na sua frente.

— Eu lhe amei desde a primeira vez que o vi — disse, em meio a lágrimas, a idosa — Mas esse era o plano, deixar um descendente na terra, para que os planos do meu pai continuem. Ele precisa conquistar mais adeptos e ganhar mais almas. Pois o reino de Deus está próximo e ele tem que lutar para manter a morte e a destruição sobre a terra.

— E o que acontece comigo? — Perguntou já com medo da resposta.

— Você me segue agora — A voz surgiu de uma fresta de uma janela, onde tinha escuridão.

— E se eu não quiser?

— Você morre. Ou você me serve. Se não me servir, eu mato sua família. Essa atual e aquela que você deixou quando partiu.

— Eu era solteiro, não tinha ninguém.

— Deixa eu lhe mostrar — Ele abriu um portal e se pode ver uma mulher, que tinha sido uma namorada de Rennys, há muito tempo — Ela lhe escondeu, esse filho. E tem outras, que você verá. Você fez muitos filhos e nenhuma mulher o quis contar, pois você não tinha dinheiro. E eu lhe dei tudo.

— E agora quer tomar. Não é justo.

— Não existe justiça. O mundo é uma hipocrisia. Mas elas não vão passar fome e nem seus filhos, eu prometo.

E Rennys teve que ser um servo do maligno e um senhor de várias guerras pelo mundo. Divisões, pestes, doenças. Tudo porque um dia ele não estava satisfeito com sua vida, simples e queria viver algo diferente. Mas o plano do universo para ele era outro. Sabendo disso, o demônio se usou de suas fraquezas e barganhou sua alma, que queria Vontade, Alimento, Dinheiro, Liberdade e Inocência.

O que lhe restou foi um Deus, das trevas. Lúcifer.


 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

O que já não é mais

 

O que já não é mais

 


Fores altiva e permanente

Cabia apenas continuar assim

Mas escapou dos limites de mim.

 

Era somente uma perca vigente

Saiu e sumiu, sem mensagens

Estava assim no corredor do medo.

 

Não era necessidade, nem apego

Mas aquelas conversas e beijos

Aquele seu cheiro peculiar era bom.

 

Fui embora daqui e estava indo ali

Mas aonde eu ia tu estavas parecia alma

Fechava os olhos e te enxergava toda hora.



 

Roubei-te a inocência e tu me largou

Parecia que descobriste um lugar melhor

Ficou sabendo do que era a vida e se foi.

 

Só assim percebi que eu era mal, egoísta

Não era necessário muito, apenas te ouvir

Mas eu era surdo e cego para te entender.

 

 

 

Agora me aguarda aquela bebida e o bar

Mas eu já era velho para isso tinha que se cuidar

Não viver a se lamentar, tinha que treinar

 

Correr, levantar peso, comer saudável

Vivemos outros tempos, sem álcool

Chorar é ruim, busca a terapia, sem dor.

 

Não posso extravasar, nem se automutilar

Posso chorar discretamente escondido

E depois se recompor e seguir.

 

Aquela sofrida música arranhada na viola

O lamento da memória perdida contigo

Mas tu nem mais existe, você se foi.

 

Será que ainda estou aqui?

Será que eu já fui e restou apenas o eco?

Adeus, ô Deus, meu Deus, morri?.

 

 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Reanimando o amor

 

Partiu-me ao meio. Te conhecer me transportou a anos-luz no passado.

Uma fenda abriu-se no tempo, eu de novo era jovem outra vez. Não.

Eu não queria mentir para ti. Abracei-te, peguei a sua mão, beijei-te.

 


Curtimos a noite juntos. Não eram os bares que nos faziam aliados.

Não eram as cervejas que nos animavam, mas o sorriso e o par perfeito.

Eu queria me vingar, das pessoas que me olhavam torto, sempre.

 

Então chegamos, você toda jovenzinha. Eu, um homem de meia-idade.

Você não ligou, me puxou e no meio do barulho de guitarras me beijou mais.

Aceitei tudo que me vinha de ti. Até nos dias anteriores, quando você sumiu.

 


Você estava lá online, virtualmente presente, mas sem o diálogo que queria.

Eu não era o príncipe, que meia-noite vira o sapo. Era apenas um homem.

Vivia pedindo desculpas e com medo da rejeição, querendo atenção.

 

A esperança brotou de novo em alguém que tinha esquecido o que era amar.

Não faças poesias, já dizia o meu velho amigo em um momento qualquer.

Elas vão te achar bobo e meloso e vão pular fora rapidamente.

 

Menino tu já foi. O caminho agora é o descansar o corpo da morte.

Vivenciar cada dia e cada momento pelas últimas vezes e contando.

Não deves perder o medo de recuar quando estiveres errando.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Reflexão da noite

 

Escuridão da rua quebrada

Escrotidão da alma aquebrantada

Vazia alma que sofre desilusões

Perpetuando um uivo perdido



Um olhar de sangues impuros

Romances rastejantes sobre o mar

Trevas, tremem os céus azuis

Os galhos pretos se espalham

A sombria tempestade ultrapassa o medo

Fechei os olhos e num apagamento

Acordei dentro de um caixão aos

Gritos pedindo misericórdia



O silêncio de uma noite vazia

Nas calçadas pessoas perdidas

Um sentimento inexistente raiz

Melancolia por um abandono

Antes frio agora transpassado

Um fogo ardente que suga a vida

Delirando no quarto escuro

Meia noite, duas da manhã

Rodízio de terror escuro.

 

terça-feira, 10 de junho de 2025

Sem saber onde ir

 

Livre vivo a sorrir

Preso vivo a chorar

Caio e clamo por ti

Ontem corri, hoje ando devagar

Canto quando me falta pranto

Decido se cedo ou não aos seus encantos



Vivo dizendo que não vou

Mas sempre apareço sem parar

Perdido, me perco ao te achar

Consciente da ideia de sentir



Ferida vou sempre me atrasar

Reclamam que sou apenas dor

Eu digo o que quero de valor

Fluidos, beijos e pegação

Estamos no mundo de ilusão

A idade chegou para mim

Os cabelos brancos estão a sair

Perco o rumo devagar

Meu fogo cessa sem falar

Confio em ti a toda hora

Me traio a cada passo

Corrijo e fugo do embaraço

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Vai em frente

 

Sabedoria da memória fantástica, em desacordo com o

            crescer lento e severo, tenho sido batizado desde

            ontem pela pureza da desilusão de um mundo cão.

 


            Rios de dinheiros nos corrompem a sermos alguém

            na sobrevida permeada de armadilhas e surpresas,

            vou conhecer o caminho que me leva a voar.

 

            Quero tocar o mastro da sonoridade submersa de

            um mar, de um falar constantemente sobre o que é possível

            de um sobreviver a tudo isso, sem sofrer, sem dizer nada.

 

            De pé, a luta apenas começou, a vida não terminou

            Um safari, um naufrágio, um medo de ser alguém puro e

            Manipulável, um pé na cova e outro na aurora do recomeço.

 

            Abre o caminho que o novo já está vindo, mas olha se não

            você perde, já passou, você nem reparou, compreendo, não

            eras para ti essa benção dos sonhos e dos presságios alheios.

 


            Fecha a porta rápido, sobrevive, não morras agora, estás perto

            Falta só um pouco de coragem, mas se não tiver, fica aqui comigo

            Quero seu abraço, o seu toque de esperança e de heranças mil.